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31 AGO 2018
31 de Agosto de 2018
Poeta, jornalista, cientista político, colunista da Factual/Broadcast da Agência Estado, publicou Poemas do Front Civil (7Letras, RJ, 2006). Publicou também poemas e contos em revistas brasilienses, como Bric-a-Brac, nas antologias Poemas, do Coletivo de Poetas do DF (1990) e Candieiro, coletânea de contos de escritores gaúchos (1976). É autor do ensaio Decisão Liminar - A Judicialização da Política no Brasil (Editora Plano, Brasília/DF, 2001). 

Graça Ramos, jornalista, escritora, doutora em História da Arte, diz sobre a poesia de Ariosto Teixeira que, “na oscilação entre potência e impotência equilibra-se uma agressividade desconcertante, certo lirismo às avessas, que provoca ao expressar a consciência de que o sujeito contemporâneo sobrevive na intimidação. (...). Fogem os poemas de Ariosto Teixeira do senso-comum. Trata-se de escrita de abissal contundência, que despreza regras politicamente corretas e coloca o leitor diante da pergunta: que viés poético dará conta dos sentidos deste tempo radical?”.


fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/ariosto_teixeira.html
SANTA TERESA

 

Ao meio-dia subimos o morro

Para ver banheiros do tempo do imperador

 

Diante da tela de Picasso

Sob a luz mortiça do mosteiro

Ela penteou os cabelos loiros

 

O líquido azul dos olhos dela

Sorvendo-se no escuro dos meus

Levou-me a ver o que o amor havia causado

À mente de Arthur Bispo do Rosário

 

Ao anoitecer um piano dissonante

Nos fez dormir já perdidos um do outro

 

 

NO FIM DO CAMINHO

 

Ao meu amor jurei fidelidade.

Imprimi tua beleza no olhar de criança.

Não sabia que das virtudes, a lealdade,

Não era o melhor que trazias por herança.

Descoberto que o humano frágil era,

Ainda assim te dei meu coração.

Não o quisestes. Querias uma quimera.

Nem o teu pusestes em minhas mãos.

Ao longo de tantos, demorados anos,

Cheguei ao fim do difícil caminho.

Atravessei montanhas, desertos, oceanos.

Esforço vão. Eis-me no gelo a tremer sozinho.

O meu amor desfeito em ossos arrasto.

A traição foi tua. Meu é só o cansaço.



 SONETO URBANO

 

Foi bom ter estado aqui a rir

No mesmo tempo que você.

Às vezes sem saber aonde ir,

Sentir a mesma gana de vencer.

A vida passa tão depressa. Parece

Que sempre seremos os mesmos,

Em busca do sem sentido da festa

que nos vai roubar os cabelos.

Não sei se foi só um beijo amargo,

Tão somente sei que não era amor,

Que tudo aconteceu como um travo,

Emoção rápida, barata, sem calor.

Você era a verdade que não se podia trair,

A lealdade que não nos permitia mentir. 

 

 
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