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Cristina Bastos 

29 AGO 2018
29 de Agosto de 2018
Nasceu em Uberlândia (MG), em 1960, e vive atualmente em Brasília. Formada em Educação Artística. Sua atividade não se limita à poesia — é artista plástica e fotógrafa, e se orgulha de ter pertencido ao grupo “Ladrões de Alma”, que promoveu várias exposições em Brasília. Escreve desde 1972 e tem poemas publicados nas Antologias Poética Hélio Pinto Ferreira, volumes X, XI e XII, e em Intimidades Transvistas (Editora Escrituras), 1997, coletânea de poemas inspirados na obra do artista plástico Valdir Rocha.


Assim que publicou seu primeiro livro, Cristina Bastos passou a ser considerada uma das mais importantes vozes da nova poesia de Brasília. De estrutura minimal, digna da tradição japonesa dos hai-kais, sem necessidade de construir os poemas em formatos que não servem para a língua portuguesa, em que Cristina Bastos mostra toda a densidade desta “poesia alquímica” da geração de pós-vanguarda. Veja o caso do poema “Fonte”Concisão, em que a precisão, a economia de palavras dão o tom; uma única vogal, o “i”, sugerindo o fluir; a expressão “a tira” traz uma polissemia incontida, podendo significar pedaço longo e fino em si mesmo, algo que se atira num destino, e um significado literal de algo que não se perde.

DECERTO DESERTO I

 

Há cactus

Há dias

Firo meus pés.

 

Borboletas

Me fazem rir

São descaradamente belas

 

Como podem...

 

Como pólen

E sou quase

Coisa bela.

 

Com meu cajado

Sou grande

Quase o deserto,

 

Para o deserto

Sou quase

Borboleta bela.

 

 

LIMPIDEZ

 

Quando

o profundo

 

não diz o máximo

com o mínimo

 

interdito

 

mesmo o emaranhado

pode ser sucinto

cristalino.

 

 

NÃO IMPORTA

 

Não importa

se não comando

meu forte é ver navios

 

em sossego

sei sorver,

 

se sopra

brisas

se venta,

tempesteio.

 

Não importa

se sou mestre

em arrasar passados,

 

só no meu mapa

Mexo

é minha

a história que calo,

 

na loucura

sei sorver,

 

o mel, o veneno

do meu prato.

 
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