Não desejo esse corpo
que sei
sempre dando e suplicando sóis
Corpo espiral
de umbigo a outro
gastando vida
O que eu desejo é o outro
Completude perfeita
A outra face
O lado obscuro
Então vou palmilhando
como quem lavra
flores varas falos botões
multiplicante iluminando
Perfeito o laço
ele é tudo
e sou ele
quando o tenho
***
Lua crescente branca
pousada no tapete algodão
corpo tendido entre quietude e fragor
Ela te aguarda
brilhante e dócil
atenta ao gozo próximo
desejo contido na espera
Lua negra indócil
perscrutando da metade oculta
te enlaço por cima inesperada
liquefazendo meu gozo no teu ventre
Teu olhar se ofusca na brancura
e teu prazer mergulha
na profundez da outra face
a oculta inebriante obscura
***
Àqueles que se dizem
naturalmente irresistíveis
sedutores respondo
Não me cativa o falo
Atraem-me certos pomos
dourados
verdes
ou maduros
que exalam certos perfumes
de vida
Intensamente
***
Repousar no lilás dourado
de agosto
preencher tempo de desejos sem
resposta
E a faísca?
Inútil
quarta-feira está chovendo
por cima de todos os flamboyants
***
Para aqueles que nos arrancaram olhos,
cabelos, boca, ouvido,
para aqueles
já não haverá tempo
de conhecer de perto
a mulher que
desde ahora esta
entera
e mira sonriente
para el Sur
com su niño — nuestro sueño
de hombre
entero —
en sus brazos