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Sandra Fayad 

20 JUL 2018
20 de Julho de 2018
Sandra Fayad é autora de cinco livros: 2008 - Animais que plantam gente; 2011 - Poemas Síntipos e Cerrado Capital - A vida em duas estações; 2013 - Histórias de Jorge, o Batuta; 2014 - As Viagens de Oliva e em 2016, a versão em espanhol (Los Viajes de Oliva). Escreve em prosa e versos, com foco assuntos ambientais e o cotidiano do Planalto Central do Brasil. De 2005 em diante, participou de cerca de 30 coletâneas e antologias nacionais e internacionais.
De família árabe, nasceu em Catalão (Goiás) e mora em Brasília, onde se formou em Ciências Econômicas, área de sua atuação profissional. Sua vida literária e ambientalista tem sido objeto de dezenas de reportagens na mídia nacional e internacional. Recebeu alguns prêmios e outras formas de reconhecimento no Brasil e no Exterior pelo desenvolvimento de seu trabalho conjugado de Meio Ambiente e Literatura. 

fonte: http://revistacazemek.blogspot.com/2017/03/sandra-fayad-virando-pagina-e-outras.html
DISTÂNCIA ENTRE NÓS

 

 Há uma distância entre tu e eu
Que não se mede em quilômetros

Ou horas que o carro percorreu.
Tão pouco é medida em centímetros
Ou segundos que o atleta venceu.

Entre nós a distância é de valores
Limitada por barreiras invisíveis.
Tem diferentes formas de amores
Palavras há tempos inconcebíveis
Com sons ruidosos e novas cores.

Para ti distante é o tempo futuro.
Meu presente faz parte do passado.
Entre ambos ergueste um muro,
E segues apenas de um lado
Mais veloz, porém menos seguro.


Nos autosserviços vais com afã.
Queres bigs, fanta MAIS quarteirões.
Tua linguagem me parece anã,
Mas sigo à risca tuas orientações,
E da janela caem tortas de maçã.

Ainda com o carro em movimento
Desembrulhas tudo com facilidade.
Abocanhas pão sovado, regas condimento,
E enquanto percorremos a cidade,
Comes fritas e refri vais sorvendo.

Fascinada com tudo na verdade, 
Percebo como é difícil alcançar-te, 
Mas mantenho a pose típica da minha idade 
E decido ainda aconselhar-te: 
-Come devagar, para melhor digestibilidade.

 

 

ESPELHO, ESPELHO MEU!

 

                             

Espelho, espelho meu!

Mostra-me a verdadeira face.

Desnuda-me de mim mesma.

De cara com minha cara

Sem disfarce, sem muralha,

Com dedo em riste, mudo

Grita de frente quem sou.

 

Em tua presença, sem escudo,

Vejo linhas irregulares

Do tempo que envelheceu

Em condições singulares.

Sinalizam minhas perdas

Em momentos e lugares.

 

Reflete a luz incandescente

Que do meu olhar se perdeu.

Aproxima minha mente

Da graça de um camafeu.

Energiza a pele encorpada

Que, sem visco, esmaeceu.

 

Não importa, espelho meu!

Se, em tua sentença atroz,

Calas meu canto desentoado,

Aprisionas minha voz.

Sigo a cantar mentalmente

A riqueza dos anos dourados

Que a vida me deu de presente.

 

 

COMICHÃO

 

Meu compromisso é com a rotina,

 

Minha sina é a tradicional sina.

 

De repente ( nem Freud explica)

 

Vem o danado do comichão. Coça!

 

Nos ouvidos... a muriçoca azucrina.

 

Quero manter-me na rotina,

 

Quero cumprir traçada sina.

 

Ah, que perturbação!

 

Que coceira! Coça...coça...

 

Muriçoca nos ouvidos

 

Zoa...Zoa...

 

Não presto atenção. Ou presto?

 

Que sono! Faz parte da rotina: dormir!

 

É a sina!

 

Oito horas? Pelo menos seis...

 

Bocejo. Espreguiço.

 

Continua o comichão,

 

Continua a muriçoca.

 

Não dá pra ignorar: Eles são os reis

 

Sento-me na frente do computador

 

E escrevo um poema

 

Outra vez...

 

 fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/sandra_fayad.html

 
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