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Lisa Alves 

19 JUL 2018
19 de Julho de 2018
LISA ALVES

 

Nasceu no Brasil de 1981 na cidade de Araxá (MG). Estudante de Jornalismo, mora atualmente em Brasília (DF). Membro do Movimento Potencialista, acredita que a arte é o verdadeiro despertar da existência. Colaborou com sua escrita em projetos teatrais (Barão da Ralé - 2004), cinematográficos (O Templo do Deus Capital - 2005), políticos (Manifesto Potencialista -2001) e literários (Projeto 48 horas, Metamorfose de Monstros – em fase de publicação e Trilhas (Coletânea de blogueiros pela CBJE).

fonte:http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/minas_gerais/lisa_alves.html
 

Declarações Moribundas

ou

como as coisas nunca mudam de fato.

 

 

 

Éramos filhos de gerações – que não geravam ações, apenas a experiência de erros que não deveriam ser repetidos.

 

Éramos muitos: fardados, naturalistas, modistas e contra tudo que fosse dito proibido.

 

Éramos luz e trevas ao mesmo tempo – e ainda assim ajoelhávamos nas catedrais espirituais em busca de alguma salvação.

 

Éramos príncipes, plebeus e as vezes democratas que sacudiam as ruas com placas e faixas reivindicando alguma mudança na consciência coletiva.

 

Éramos trabalhadores e acreditávamos que a carga horária do dia nos tornaria a futura elite do país.

 

Éramos bárbaros – matávamos por comida e por um pouco de fogo e sexo

 

Éramos pré-colombianos, pré-greco-romanos, pré qualquer coisa escrita pela história oficial. – e ainda tiveram a ousadia de nos catequizar, estuprar e classificar nosso chão de Brasil Colônia.

 

Éramos revolução industrial: fábricas, camponeses em áreas urbanas, favelas crescendo, densidade demográfica, fome, miséria e falta de saneamento básico.

 

Éramos anarquistas, comunistas, populistas e fazíamos reuniões politico-intelectuais sem ao menos sentirmos no paladar o gosto do feijão requentado. (ou até a falta do mesmo)

 

Éramos padres e madres – rezávamos antes mesmo do sucumbir do sol e em noites enluaradas éramos insistentemente perseguidos pela voz do Demônio da Luxúria.

 

Éramos Ladys e gentlemans – freqüentávamos as melhores festas, fumávamos charutos contrabandeados e no final do mês nossos cheques especiais estavam estourados.

 

Éramos artistas marginais – escultores, pintores, escritores e compositores. Até o dia em que a Industria Cultural levantou uma cerca e transformou as grandes obras em linhas de produção.

 

Éramos leais militares – direita, esquerda, volver! Nossa marcha era conduzida pelo patriotismo, idiotismo e porquê não dizer: fascismo!?

 

Éramos a pequena burguesia – cidadãos médios, assalariados, diplomados, comungados e porquê não dizer: conformados!?

 

Éramos tudo isso – um bando de ações que mataram as gerações.

 

 

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Curtas de meus Longas

 

I

Eu queria o tempo necessário para a palavra mais certa encontrar.Contudo, descobri que não existe tempo necessário e nem a palavra mais certa.

Me vi diante da esfinge-homem e por não ter ousado decifrá-lo,ele nem se deu o trabalho de me devorar.

 

II

Sou a mesma figura que caminhou ao lado de ideais que sucumbiram ao tempo: assisti a Revolução Francesa apesar de ter nascido no Brasil de 1981. Fui agente comunista, embora nunca tenha comido criancinhas.

E agora sou um fruto capitalista:

apodrecido dentro do mercado.

 

III

Toda minha moral mente e

toda minha imoralidade é demente.

 

IV

Vivo dentro deste

sistema-cativeiro

e desejo morrer voando.

 

V

Sem planos ousados

eliminei

meu último ídolo:

"Extra, extra! Louca queima dinheiro em praça pública!"

 

VI

O Sistema

vendeu-me um

rémedio

contra a arte:

"O Trabalho dignifica o homem"

E a arte ofereceu-me

um antídoto

contra o Sistema:

"O Homem dignifica o trabalho"

 

VII

Não julgo atitudes

e nem ouso

questionar a mente

de um macaco irônico.

 

VIII

O descontrole social

aflora

minha liberdade mental

gerando

arte.

 

A crise mundial

aflora

minha filia nacional

gerando

bandeiras.

 

 

IX

Quando pintaram

o meu retrato

aos inimigos

esqueceram de retirar

minha máscara.

 

X

E se por um acaso perguntarem

sobre o meu paradeiro

informem a eles que estou cortando

caminho entre as pedras.

 


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